trinquei os dentes e experimentei uma vez. tudo tremeu. hesitei em experimentar a segunda, mas o fiz. uma barra se partiu com um breve estalo. ninguém me notou. enchi-me de coragem, lacrimegei ao lembrar meus motivos e investi novamente contra a jaula de plástico. me vi do outro lado, livre, apenas com alguns arranhões. tornei a fitar a jaula e analisei o estrago que fiz. é, era necessário.
sem saber muito bem o que fazer em liberdade, decidi beber. o álcool nos ajuda a manchar lembranças, a turvar pensamentos inconvenientes. bebi demais a ponto de não conseguir pensar em mais nada. só em mim. já fazia algum tempo que não realizava tal proeza. me senti só, como realmente estava, mas era incapaz de perceber ou aceitar. tropecei em mim mesmo, me enxerguei dos pés à cabeça. não devia nada a ninguém.
de repente, beijei uma menina. não era ela. digo, não era ELA. foi tudo muito simples, muito casual. parecia estar tudo bem pra todo mundo. a resposta viria no dia seguinte.
como sempre, a resposta veio em código ("boys speak in rhythm and girls in code"). por alguns minutos, tive toda a certeza do mundo de que tinha jogado no lixo minhas chances com ELA. para mim, ela estava contaminada com a indiferença. do pouco que consegui decodificar de sua resposta, entendi que não estava. parece que se importou com o que aconteceu. agora eu sinto algo perto de um arrependimento. não é pleno porque realmente eu andava um pouco chateado com algumas suposições. a vida é feita de suposições. o whisky me convenceu de que eu estava certo, então fui em frente. eu não fiz nada com a intenção de esquecê-la, mas, talvez, com a intenção de me frear, de afastá-la um pouco da minha cabeça. não dá! eu não estou conseguindo. eu sou um fudido, fraco demais para lidar com essas peças que aquilo-que-os-românticos-e-perdedores-chamam-de-destino insiste em me pregar. e é sempre. me lembro de episódios absurdos. este é um deles. quando eu iria imaginar que seria possível? eu deveria crer um pouco mais em mim... e ela também. ou, quem sabe, deveríamos crer em nós?
quarta-feira, agosto 24, 2005
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