eles chegam em bando. geralmente atrasados, trôpegos, avoados, nunca silenciosos. hoje invadiram a sala mais cedo.
eu já estava sentado no meu canto de costume, folheando meu Bukowski e pensando se conseguiria sobreviver a mais uma maldita aula com esses alunos de direito. rostos, roupas e hábitos iguais. sou um ponto-e-vírgula entre essas palavras ôcas, uma pausa no jogo infantil, na fase mais difícil. e o tempo corre como gostaria eu de estar correndo. pra fora daqui.
tem uma garota morena, alta, que sempre me olha. eu a observo. uma mistura estranha de patricinha com alguma outra coisa, bonitinha até. me lembra a ex-namorada de um amigo, logo uma que não é muito digna de ser lembrada. quase sempre ela vem e se senta nas minhas proximidades. parece querer chamar a atenção. não sei se só a minha, mas parece querer chamar alguma. qualquer dia eu pisco pra ela e lhe arranco um sorriso.
muito barulho ao redor. largo meu livro de lado e me dedico à paciência. uma outra menina começa a cantar umas músicas de pagode, batucando na mesa. o inferno é belo e bem mais silencioso. lá deve ser proibido esse tipo de coisa.
aqui eles têm albuns de figurinhas da Copa. muitos deles. uma espécie de desejo infantil reprimido, guardado no âmago destes recém-adultos. um moleque com a cara cheia de espinha sacou o primeiro albinho de sua mochila, se sentou no chão do pilotis e se tornou um herói. agora todos podem trocar figurinhas, sem medo e preconceito.
assisto mais dois alunos de minha tribo, a comunicação. são duas meninas, e não estão nada comunicativas. comme moi.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
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Um comentário:
é o único nicho que não vai de bermuda pra faculdade. é todo muito sério, é todo mundo muito bom.
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