eles chegam em bando. geralmente atrasados, trôpegos, avoados, nunca silenciosos. hoje invadiram a sala mais cedo.
eu já estava sentado no meu canto de costume, folheando meu Bukowski e pensando se conseguiria sobreviver a mais uma maldita aula com esses alunos de direito. rostos, roupas e hábitos iguais. sou um ponto-e-vírgula entre essas palavras ôcas, uma pausa no jogo infantil, na fase mais difícil. e o tempo corre como gostaria eu de estar correndo. pra fora daqui.
tem uma garota morena, alta, que sempre me olha. eu a observo. uma mistura estranha de patricinha com alguma outra coisa, bonitinha até. me lembra a ex-namorada de um amigo, logo uma que não é muito digna de ser lembrada. quase sempre ela vem e se senta nas minhas proximidades. parece querer chamar a atenção. não sei se só a minha, mas parece querer chamar alguma. qualquer dia eu pisco pra ela e lhe arranco um sorriso.
muito barulho ao redor. largo meu livro de lado e me dedico à paciência. uma outra menina começa a cantar umas músicas de pagode, batucando na mesa. o inferno é belo e bem mais silencioso. lá deve ser proibido esse tipo de coisa.
aqui eles têm albuns de figurinhas da Copa. muitos deles. uma espécie de desejo infantil reprimido, guardado no âmago destes recém-adultos. um moleque com a cara cheia de espinha sacou o primeiro albinho de sua mochila, se sentou no chão do pilotis e se tornou um herói. agora todos podem trocar figurinhas, sem medo e preconceito.
assisto mais dois alunos de minha tribo, a comunicação. são duas meninas, e não estão nada comunicativas. comme moi.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Encontrei uns cadernos antigos aqui em casa. Praticamente todos tinham alguma coisa escrita que poderia vir a se tornar uma música. A maioria nunca saiu do papel, literalmente. Eis uma coletânia de frases achadas:
-1-
Por que você diz chegar a hora de dizer
"nunca mais vou te ver"
quando ainda é cedo demais para partir?
Puxando um cigarro, sentou-se no chão
enconstando-se em uma parede.
Lembrou dos dias em companhia
de quem o fez viver.
-"A natureza é injusta, digamos assim.
Levou com ela um pouco de mim."
Um beijo na testa e um aperto na mão
(levando esta ao peito)
fizeram-no sentir a falta imediata
e a tortura que será ser... só... sem...
-2-
Rasguei minhas sombras ao saber que elas eram projetadas
pelo brilho que roubou de mim.
Vendei meus olhos por não fazer questão de ver sua
ascenção às minhas custas.
E agora tudo vai ser seu.
Meus feitos não são mais meus.
Seque minhas lãgrimas com seus sorrisos
e leve embora
sua falta de moral.
-3-
Gritos ao ar.
É uma pena que minhas idéias não possam atingir
aqueles que as pedem em silêncio.
Imagens disformes valem mais que mil palavras,
pois nem com mil palavras eu te faria compreender
que seus olhos emudeceram-te.
-4-
Se soubesse o que é viver
não lamentaria a dor de deixar de ser.
-5-
Preso aos meus próprios sentimentos de
compaixão e consideração.
Queria poder me libertar e voltar a sorrir.
Tenho todas as cartas em minhas mãos.
Mas não quero ter que afogar
num mar de águar turvas
alguém que nunca mereceu, nem merecerá
algum mau vindo de mim.
São desejos pálidos por falta de luz,
escondidos num certo porão.
Agora ela quer lê-los e reescrever
tudo o que o tempo manchou.
Espero que saiba o que faz.
A incerteza pode destruir
todas as páginas que eu escrevi.
-6-
Me consiga um lugar mais perto de você.
Preciso te contar.
Comecei a escrever um monte de frases que poderiam lhe calar,
fazer você parar um tempo pra pensar
se eu sou o mesmo no espelho
e nas palavras que escutas ao me ouvir falar.
Mas desisti,
amassei com as mãos a única chance que tinha de ser honesto.
Foi pro lixo toda coragem que me botou de pé.
Achei melhor deixar que vejas por si só.
Irá chegar o dia em que irá aprender,
levar na cara, olhar pros lados e não ver a sombra
de ninguém, pois...
... já pensou?
Quem iria lhe ajudar?
Você já ouviu alguém que não você?
-1-
Por que você diz chegar a hora de dizer
"nunca mais vou te ver"
quando ainda é cedo demais para partir?
Puxando um cigarro, sentou-se no chão
enconstando-se em uma parede.
Lembrou dos dias em companhia
de quem o fez viver.
-"A natureza é injusta, digamos assim.
Levou com ela um pouco de mim."
Um beijo na testa e um aperto na mão
(levando esta ao peito)
fizeram-no sentir a falta imediata
e a tortura que será ser... só... sem...
-2-
Rasguei minhas sombras ao saber que elas eram projetadas
pelo brilho que roubou de mim.
Vendei meus olhos por não fazer questão de ver sua
ascenção às minhas custas.
E agora tudo vai ser seu.
Meus feitos não são mais meus.
Seque minhas lãgrimas com seus sorrisos
e leve embora
sua falta de moral.
-3-
Gritos ao ar.
É uma pena que minhas idéias não possam atingir
aqueles que as pedem em silêncio.
Imagens disformes valem mais que mil palavras,
pois nem com mil palavras eu te faria compreender
que seus olhos emudeceram-te.
-4-
Se soubesse o que é viver
não lamentaria a dor de deixar de ser.
-5-
Preso aos meus próprios sentimentos de
compaixão e consideração.
Queria poder me libertar e voltar a sorrir.
Tenho todas as cartas em minhas mãos.
Mas não quero ter que afogar
num mar de águar turvas
alguém que nunca mereceu, nem merecerá
algum mau vindo de mim.
São desejos pálidos por falta de luz,
escondidos num certo porão.
Agora ela quer lê-los e reescrever
tudo o que o tempo manchou.
Espero que saiba o que faz.
A incerteza pode destruir
todas as páginas que eu escrevi.
-6-
Me consiga um lugar mais perto de você.
Preciso te contar.
Comecei a escrever um monte de frases que poderiam lhe calar,
fazer você parar um tempo pra pensar
se eu sou o mesmo no espelho
e nas palavras que escutas ao me ouvir falar.
Mas desisti,
amassei com as mãos a única chance que tinha de ser honesto.
Foi pro lixo toda coragem que me botou de pé.
Achei melhor deixar que vejas por si só.
Irá chegar o dia em que irá aprender,
levar na cara, olhar pros lados e não ver a sombra
de ninguém, pois...
... já pensou?
Quem iria lhe ajudar?
Você já ouviu alguém que não você?
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