tenho a impressão de estar vivendo num mundinho fictício, plástico demais para mim. as pessoas fingem ser o que não são, fazem coisas que não querem, de fato. precisam chamar a atenção, precisam aparecer para o mundo. criam apelidos idiotas, modísticos, vazios. não possuem identidade. eu só enxergo uma massa uniforme, com pensamentos pequenos e falsas emoções. são figurinhas colecionáveis do Orkut, são modelos de gesso do Fotolog.
gostaria de poder jogar água e derreter esse frágil gesso. me incomoda tamanha vulgaridade, tamanha ingenuidade, infantilidade e necessidade de se fantasiar. são franjas, munhequeiras, caras, bocas e olhares tão ocos que me dão pena. simplesmente não me dizem nada! e chamam esta atitude de "emo"! bom, eu já estou exausto de tanto escrever sobre o assunto, mas é que me dá ânsia de vômito ver pessoas personificarem um estilo de música que eu gosto bastante (e tenho algum conhecimento sobre) de maneira triste. triste no pior sentido. me dá pena, e um certo asco também. pessoas miúdas, consumistas, modernistas e doentias. pessoas sem noção do ridículo, eu diria.
já li em alguns lugares que "emo é um estilo de vida", e os indivíduos que seguem este way-of-life DEVEM ser tristes, adorar estrelas, fazer carinha e voz de criança, conversar sobre coisas infantis, etc. puta que me pariu, é isso mesmo? as pessoas escolhem isso como normas a serem seguidas? por que elas não desligam um pouco a TV e param de ler Capricho para se dedicarem a livros mais interessantes? ou então param para pesquisar sobre o que se trata realmente a música emo? esquecer os chavões e clichês como "letras de amor" ou roupinhas de marca. esse pessoal tá precisando é de uns bons tragos e algumas fodas - com pessoas do sexo oposto, vale ressaltar. não que eu seja preconceituoso, pois não sou. só acho que o tal bi-sexualismo está em alta, e não vejo razões para isso. hoje em dia é legal ser uma menina de 14 anos que fica com outras meninas. hoje em dia é legal se rotular um "emoboy" e andar de mãos dadas com os amiguxos. o espírito rock n' roll está sendo substituído pelo espírito barbie underground, onde a imagem bate o áudio. porra, não dá pena?
sim, o mundo está de cabeça para baixo, forçando-me à saída de emergência. não me enquadro neste nicho negativamente quimérico, apocalíptico. rezo para que bons ventos varram as maquiagens e levem embora tudo o que há de superficial por aqui. eu preciso respirar um pouco.
quarta-feira, outubro 19, 2005
sexta-feira, outubro 07, 2005
O dia dos renegados
alguém mais andou olhando pra cima nos últimos dois dias e se sentiu asfixiado? parece que um véu cinzento foi posto sobre a cidade com o intuito de acabar com seus moradores. acabar mesmo. não se sabe se vai chover agora, daqui há dois minutos, amanhã ou se já está chovendo mas ainda não te acertaram. eu gostaria de saber o que se passa lá em cima.
eu olho pra cima e sinto minha garganta inflar, como quem engole um angu gelado completamente contra sua vontade. eu, particularmente, detesto angu, e ele me traz más lembranças. eu lembro de um episódio ocorrido há uns 15 ou 16 anos atrás, quando minha mãe obrigava - sem êxito – a mim e à minha irmã a comer angu. lembro da cena com perfeição... os dois sentados no chão do meu quarto com um prato de angu na frente. sei que após algum tempo de insistência, minha mãe perdeu a paciência e enfiou a nossa cara no prato. hahaha, hoje eu me divirto muito com isso, mas na hora eu chorei demais. era angu até no cabelo.
é estranho como coisas que no momento são péssimas podem se tornar futuras anedotas. uma diarréia inconveniente no meio da rua é uma forte candidata a ser um chiste futuro! um tombo em lugar público, uma gafe com um desconhecido, uma saia justa, um pé-na-bunda. as coisas passam e as emoções são varridas. a maioria das emoções não é indelével. parece que cada uma delas tem um certo momento para aflorar, e um certo momento para desvanecer. elas pertencem a um certo nó dado pelo destino, se alguém acredita nisso.
eu gosto de pensar assim, que a vida da gente já está traçada em algum papelzinho de lembrete que alguém acima deste véu cinzento carrega no bolso. o problema é que esses papéis são relativamente pequenos, e quando ele já está todo rabiscado é preciso continuar escrevendo em um outro. mas são muitas pessoas para se cuidar, e eventualmente, algumas milhares são esquecidas de ser atualizadas diariamente. e somem, às vezes sem motivo aparente. caem sem tropeçar e se vão. não é por mal. todos nós esquecemos de coisas, importantes ou não. importante pra mim não quer dizer que seja importante pra você, etc. e quando o cara responsável pela atualização de nossas vidas se toca de que é realmente bastante esquecido, ele chora. chora mais por uns do que por outros. maldito dia de finados, em que o rapaz sempre é obrigado a lembrar dos renegados por ele.
(ouvindo 'rescue - flamingo minutes')
eu olho pra cima e sinto minha garganta inflar, como quem engole um angu gelado completamente contra sua vontade. eu, particularmente, detesto angu, e ele me traz más lembranças. eu lembro de um episódio ocorrido há uns 15 ou 16 anos atrás, quando minha mãe obrigava - sem êxito – a mim e à minha irmã a comer angu. lembro da cena com perfeição... os dois sentados no chão do meu quarto com um prato de angu na frente. sei que após algum tempo de insistência, minha mãe perdeu a paciência e enfiou a nossa cara no prato. hahaha, hoje eu me divirto muito com isso, mas na hora eu chorei demais. era angu até no cabelo.
é estranho como coisas que no momento são péssimas podem se tornar futuras anedotas. uma diarréia inconveniente no meio da rua é uma forte candidata a ser um chiste futuro! um tombo em lugar público, uma gafe com um desconhecido, uma saia justa, um pé-na-bunda. as coisas passam e as emoções são varridas. a maioria das emoções não é indelével. parece que cada uma delas tem um certo momento para aflorar, e um certo momento para desvanecer. elas pertencem a um certo nó dado pelo destino, se alguém acredita nisso.
eu gosto de pensar assim, que a vida da gente já está traçada em algum papelzinho de lembrete que alguém acima deste véu cinzento carrega no bolso. o problema é que esses papéis são relativamente pequenos, e quando ele já está todo rabiscado é preciso continuar escrevendo em um outro. mas são muitas pessoas para se cuidar, e eventualmente, algumas milhares são esquecidas de ser atualizadas diariamente. e somem, às vezes sem motivo aparente. caem sem tropeçar e se vão. não é por mal. todos nós esquecemos de coisas, importantes ou não. importante pra mim não quer dizer que seja importante pra você, etc. e quando o cara responsável pela atualização de nossas vidas se toca de que é realmente bastante esquecido, ele chora. chora mais por uns do que por outros. maldito dia de finados, em que o rapaz sempre é obrigado a lembrar dos renegados por ele.
(ouvindo 'rescue - flamingo minutes')
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