hoje eu vi a chuva. a chuva me viu também e não me poupou. subi no ônibus já encharcado e coloquei-me no meu lugar. comecei a observar a janela ao meu lado e lembrei do texto de uma amiga. ela conseguiu lembrar de uma coisa singelíssima, ingênua. uma espécie de símbolo da ternura infantil. eu voltei anos no tempo. estendi meu dedo para a direita e fiz um risco no vapor condensado na janela. sorri sozinho, como uma criança que acaba de encostar numa certa folha e a vê fechar-se sobre si. foquei minhas idéias em metáforas, como acontece frequentemente. o tempo corre, escorre, como a água na parte externa da janela. embaça, turva, esfria, esquenta. nos confunde. um risco amarelo cortou minha vida com alguns anos de atraso - não queiram entender. eu escrevo pra mim.
pois bem, eu falava sobre desânimo, cansaço e falta de consideração quando me ocorreu que talvez eu não precisasse enfrentar esse tipo de coisa. eu acho que estava me forçando a suportar isso tudo como uma verdade única e inexorável. fiz uma última tentativa e fui bem sucedido. acho que teria desistido frente a mais uma negação.
agora eu engasgo. eu hesito e volto a me questionar: há futuro nisso? a resposta ronda a ponta de minha língua, quase ganhando forças. eu balbucio um "não", breve, tímido, porém cheio de razão. eu levo tudo nas costas, sozinho. a paciência se exauriu. decidi não mais me iludir com uma noite maravilhosa. eu preciso de muito mais e não creio que ela esteja disposta a encarar essa tarefa. ah... enfim, algum tipo de atitude. ainda que incompleta.
(ouvindo 'sparta - wiretap scars') -> enquanto escrevia
(ouvindo 'garage fuzz - the morning walk') -> enquanto postava
terça-feira, setembro 06, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário