um raio me rachou ao meio. metade corre, a outra se esconde. não que elas estejam brincando entre si. elas batalham em silêncio, independentes.
a metade que corre se cansa, mas não desiste. ela tem muita força de vontade e quer provar para si mesmo sua força. suor disperdiçado nas primeiras horas. continua correndo e vê resultados. se preocupa em esmerar. resultados ralos, não tão convincentes. mas ela é contumáz e continua sua tarefa com grande afinco. os resultados são os mesmos. chega uma hora que se sente extenuada, vê ir embora seu afã. neste exato momento, sua outra metade - a que se esconde - passa a seu lado. se esbarram e por alguns segundos se fundem. tornam-se um só, como no início. uma só mente tem de colocar em ordem milhares de pensamentos conturbados, de ambas as partes. caos interior. sim, dois raios podem cair no mesmo lugar, e o segundo me acerta assim que meus pensamentos se estabilizam. deve ter sido isso que o atraiu. as partes estão separadas mais uma vez.
uma corre, a outra se esconde. a que corre se pergunta por que deveria continuar a correr, e com isso pára. a que se esconde não vê mais motivos para se esconder, e assim vem para a luz. as partes se encaram, se entreolham e se entendem. é preciso correr e se esconder mais uma vez. sem pressa. uma parte anda, a outra dorme.
a que anda tenta mais uma vez, sem expectativas. desalentada, lânguida. mas assim obtém bons resultados. fica em dúvida. a parte que dorme ganhou mais forças. elas não sabem por quê. ora, estou chamando-as de "partes" agora, e não mais de "metades". se fundiram, e ao se dividirem, uma delas saiu mais forte. ela dorme, com mais forças. não sabe de seu novo poder. a que anda, apesar dos resultados positivos finalmente alcançados, chora em indagações. a parte que dorme, sonha.
(ouvindo 'your enemies friends - you are being videotaped')
quinta-feira, setembro 08, 2005
terça-feira, setembro 06, 2005
A hora do basta... talvez
hoje eu vi a chuva. a chuva me viu também e não me poupou. subi no ônibus já encharcado e coloquei-me no meu lugar. comecei a observar a janela ao meu lado e lembrei do texto de uma amiga. ela conseguiu lembrar de uma coisa singelíssima, ingênua. uma espécie de símbolo da ternura infantil. eu voltei anos no tempo. estendi meu dedo para a direita e fiz um risco no vapor condensado na janela. sorri sozinho, como uma criança que acaba de encostar numa certa folha e a vê fechar-se sobre si. foquei minhas idéias em metáforas, como acontece frequentemente. o tempo corre, escorre, como a água na parte externa da janela. embaça, turva, esfria, esquenta. nos confunde. um risco amarelo cortou minha vida com alguns anos de atraso - não queiram entender. eu escrevo pra mim.
pois bem, eu falava sobre desânimo, cansaço e falta de consideração quando me ocorreu que talvez eu não precisasse enfrentar esse tipo de coisa. eu acho que estava me forçando a suportar isso tudo como uma verdade única e inexorável. fiz uma última tentativa e fui bem sucedido. acho que teria desistido frente a mais uma negação.
agora eu engasgo. eu hesito e volto a me questionar: há futuro nisso? a resposta ronda a ponta de minha língua, quase ganhando forças. eu balbucio um "não", breve, tímido, porém cheio de razão. eu levo tudo nas costas, sozinho. a paciência se exauriu. decidi não mais me iludir com uma noite maravilhosa. eu preciso de muito mais e não creio que ela esteja disposta a encarar essa tarefa. ah... enfim, algum tipo de atitude. ainda que incompleta.
(ouvindo 'sparta - wiretap scars') -> enquanto escrevia
(ouvindo 'garage fuzz - the morning walk') -> enquanto postava
pois bem, eu falava sobre desânimo, cansaço e falta de consideração quando me ocorreu que talvez eu não precisasse enfrentar esse tipo de coisa. eu acho que estava me forçando a suportar isso tudo como uma verdade única e inexorável. fiz uma última tentativa e fui bem sucedido. acho que teria desistido frente a mais uma negação.
agora eu engasgo. eu hesito e volto a me questionar: há futuro nisso? a resposta ronda a ponta de minha língua, quase ganhando forças. eu balbucio um "não", breve, tímido, porém cheio de razão. eu levo tudo nas costas, sozinho. a paciência se exauriu. decidi não mais me iludir com uma noite maravilhosa. eu preciso de muito mais e não creio que ela esteja disposta a encarar essa tarefa. ah... enfim, algum tipo de atitude. ainda que incompleta.
(ouvindo 'sparta - wiretap scars') -> enquanto escrevia
(ouvindo 'garage fuzz - the morning walk') -> enquanto postava
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