são 3:35 da manhã e eu estou lamentando a maldita amidalite que me venceu. gritos, cervejas e cigarros não formam uma boa combinação, e eu já havia aprendido isso há tempos. apenas me recuso a evitá-la. ela me conquista, me testa e sabe que sempre irei ceder.
pois bem, hoje quando me levantei achei que tivesse com um par de meias socado no gogó. a sensação era parecida. ensaiei um murmúrio e constatei que precisava ir ao banheiro cuspir todo aquele pus e saliva que me impedia de respirar tranqüilamente. fi-lo. meu rosto no espelho não estava mal, apesar da barba rala. levemente corado e estranhamente “liso", ou melhor, sem muitas espinhas. acho que consegui me desvencilhar de minha adolescência.
resolvi tomar logo um antibiótico numa atitude desesperada. 500 mg de algum composto químico milagroso jaziam na palma de minha mão, na aterrorizadora forma de um comprimido gigante. acho que os caras que inventam esse tipo de coisa esquecem que quem irá tomá-las são pessoas com apenas 0.5 cm de espaço livre entre as amídalas para a passagem de alimentos, ou líquidos. muito obrigado!
não senti fome, e nem poderia sentir. tentei engolir um pouco de saliva e a dor me convenceu de que talvez não fosse tão mal passar um dia em jejum. talvez fosse mais prudente. bebi uns goles d’água – temperatura ambiente – que desceram como um enxame de abelhas goela abaixo. eu precisava resistir.
minha barriga começou a roncar e então experimentei abrir a geladeira e procurar algo não muito sólido. nada. nem um iogurte ou coisa parecida. lembrei que também não deveria ser nada muito gelado, e então fechei a porta. nada no armário, igualmente. hoje não é meu dia, pensei. já estou fodido mesmo, bem, fodido e meio, então. reabri a geladeira e busquei algumas coisas para preparar uma pizza de frigideira. montei a desgraçada e olhei pra ela fixamente por alguns segundos. eu podia ouvi-la, saboreando as palavras: “me coma, me coma... se puder”. sacrifício! desejei com todas as minhas forças que essa pequena pizza pudesse ter o poder de me alimentar e saciar minha fome durante o resto deste maldito dia.
era como tentar passar uma cadeira pelo gargalo de uma garrafa de refrigerante. deixei um copo de mate em cima da pia durante todo esse tempo para que não ficasse tão gelado. não adiantou, mas não liguei muito pra isso e bebi do mesmo jeito. dane-se. rebeldia, pô! é isso aí! “e agora eu vou fazer nada”.
amidalites me tiram o ânimo pra fazer qualquer coisa. tentei assistir a um filme, mas o telefone não deixou. me rendi e acabei saindo pros arredores de casa. pouco tempo depois estava de volta. precisava beber um pouco. a cerveja estava ali do lado, podia sentir o cheiro e até mesmo o gosto... foi melhor voltar.
estou perto de tomar uma grande decisão. acho que vou tirar minha amídalas. elas não servem pra nada, nunca serviram. cansei. talvez faça um chaveiro com uma delas.
sexta-feira, janeiro 13, 2006
Amidalites, pro inferno!
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